Aos meus Pais (Bonifácio Vicente e Maria Ana), dedico esta poesia:
Pai, vou começar falar
De quando eu era criança
Saudades só faz lembrar
Dos momentos de lembrança
Do trabalho lá na Terra
Daquele rancho na serra
Feito no meio do mato
Bem pertinho do roçado
Encontrei tudo mudado
Na moldura do retrato.
O tempo veloz passou
A sua idade já avança
O seu corpo que cansou
Aposentado descansa
Vivo no mundo distante
A saudade é constante
Voltei no momento exato
Com peito emocionado
Encontrei tudo mudado
Na moldura do retrato.
Fui um pequeno aprendiz
Das boas lições de pai
Vive num tempo feliz
Essas lembranças não sai
A infância com meus pais
Sei que ela não volta mais
O tempo talvez seja ingrato
A vida só um passado
Encontrei tudo mudado
Na moldura do retrato.
Meu pião, minha ponteira
E a minha velha bola
Lembro daquela rendeira
No caminho lá da Escola
A infância logo passa
E a velhice lhe ultrapassa
Da vida isso é um fato
Eu já estou conformado
Encontrei tudo mudado
Na moldura do retrato.
Damião de Andrade.
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